O dia de Rosalie começa às 4 da manhã, amassando rolinhos de creme de coco com a filha mais velha para vender na loja comunitária local, a pouca distância da sua casa. Tal como acontece durante o resto do seu dia, começa com a colaboração.
“Todos colaboramos nas tarefas domésticas, como fazer o pequeno-almoço ou raspar cocos. Ensino aos meus filhos as várias tarefas domésticas. No fim, recebem o dinheiro e depositam-no no banco. Assim ficam felizes”, declara.
Prossegue a sua jornada caminhando junto à costa para se dirigir ao seu trabalho diurno de comerciante de arte e artesanato, ou “mamã do mercado”, como são coloquialmente designadas estas mulheres em Vanuatu. A banca de Rosalie está repleta de t.-shirts brancas com motivos coloridos da vida na ilha pintados à mão, vestidos caleidoscópio da ilha, cestos minuciosamente entrançados e objetos de madeira esculpidos em todas as formas e tamanhos.
Rosalie não é uma “mamã do mercado” qualquer. É a fundadora da Bulvanua Arts & Handicrafts, uma cooperativa de 30 comerciantes que promovem produtos Fabricados em Vanuatu em lugar de produtos importados.
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“A maioria das mulheres que vende arte e artesanato na realidade vende produtos importados”, explica Rosalie.
“O motivo por que tal acontece é complexo”, declara Willie Luen, do Ministério do Turismo de Vanuatu.
Ao longo dos últimos 10 anos, Vanuatu tornou-se um destino turístico cada vez mais popular. O número de visitantes internacionais aumentou 42% e o turismo emprega agora 55% da força de trabalho total de Vanuatu, representando 65% do PIB de Vanuatu.
Ao mesmo tempo, hotéis detidos por entidades estrangeiras têm-se multiplicado pela ilha principal, levando os turistas a gastar a maioria do seu tempo e dinheiro nestes empreendimentos e não nos mercados locais.
“Para serem competitivos, muitos dos comerciantes começaram a apostar em importações com preços mais baixos, o que por sua vez deprimiu a produção própria de Vanuatu”, explica Willie Luen.
“Os lucros saíam do país tão rapidamente como chegavam. Por isso, o segredo para reter os benefícios do turismo consistia no aprovisionamento de produtos locais e sua apresentação aos turistas, de preferência fora do ambiente do hotel”.
Uma oportunidade para resolver este problema surgiu numa reunião sobre a reconstrução da zona costeira da capital.
“Convencemo-nos de que a nova zona costeira poderia oferecer a oportunidade de expor melhor os produtos locais aos turistas e fornecer o tão necessário estímulo para a economia local”, afirma Willie Luen.
Definitivamente, a área remodelada da zona costeira cria ligações muito mais fortes entre os turistas e os produtos e serviços fabricados em Vanuatu.
Em março de 2015, o mercado e as indústrias que dependiam deles foram praticamente todos dizimados quando o Ciclone Pam assolou Vanuatu, destruindo 90% dos edifícios da ilha principal, incluindo casas, infraestruturas de mercado e portos.
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“Tivemos de nos deslocalizar temporariamente e essa altura foi muito triste para nós, pois perdemos os nossos negócios”, afirma Rosalie.
Graças à ajuda do governo da Nova Zelândia e do Quadro Integrado Reforçado, Vanuatu concluiu a reconstrução da zona costeira em setembro de 2017, convertendo-a numa área atrativa tanto para os habitantes locais como para os visitantes. O mercado de artesanato das “mamãs” foi reconstruído, agora com mais energia e Internet, e os conhecimentos locais foram aproveitados de formas criativas.
“Contratámos alguns escultores locais para criarem esculturas que estão agora expostas na área da zona costeira. A exposição comercial que ganharam através desta iniciativa contribuiu para melhorar as suas condições de vida”, afirma Willie Luen.
À medida que as chegadas de turistas aumentam a uma taxa prevista de 36% e que as “mamãs” recorrem aos produtores locais, desenvolve-se uma vasta cadeia de abastecimento que promete melhorar a vida da população de Vanuatu muito para além do que acontece com os comerciantes que atuam na zona costeira.
De acordo com Willie Luen, o impacto nas vidas das pessoas comuns aqui tem sido significativo.
Este responsável fala de uma mudança altamente visível que se deve, pelo menos parcialmente, ao projeto de reconstrução: casas novas e melhores, escolas cheias de crianças e mercados movimentados, especificamente a Zona Costeira de Port Villa.
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“Um dos escultores disse-me recentemente que, pelo facto de as pessoas verem as suas obras na zona costeira, está agora a ser contactado para encomendas e já tem rendimentos suficientes para colocar a filha na escola”, refere Willie Luen.
No trabalho que desenvolve para criar uma melhor ligação entre os produtores locais e os comerciantes, Rosalie já está a ver a mudança.
“[Os turistas] já não voltam às lojas onde se encontram todos aqueles produtos importados”, afirma.
“Vejo as oportunidades que os homens e as mulheres de Vanuatu podem aproveitar com base nos recursos locais que os rodeiam. Estando ocupados, podem criar algo para ajudar Vanuatu a construir a sua economia.
“Toda a população de Vanuatu está verdadeiramente feliz e satisfeita por ver esta mudança”.
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